Cinema
Uma câmera na mão e o diabo no corpo
Os anos 1970 e 1980 estão na moda para ambientar novos filmes. E é preciso reconhecer que poucos projetos conseguem arremessar o espectador ao passado com a mesma intensidade do que “Entrevista com o Demônio”, que está nos cinemas brasileiros. Impossível dizer que os irmãos Cameron e Colin Cairnes, a dupla por trás dessa empreitada, são cineastas sem talento. Escrever e dirigir um filme de terror que se passa dentro de um programa de TV transmitido ao vivo é um jorro de criatividade.
Na trama, o ano é 1977. David Dastmalchian, coadjuvante em blockbusters como “Oppenheimer”, “Duna” e “Esquadrão Suicida”, interpreta Jack Delroy, produtor e apresentador de um programa de auditório que anda mal das pernas quanto à audiência. Para dar uma turbinada no ibope, ele aceita levar ao ar uma dupla inusitada: uma garota que está possuída pelo demônio e sua tutora. O ceticismo é geral, mas logo o público no auditório do programa e os espectadores do cinema vão perceber que há uma mentira e uma verdade nisso. A mentira é que a mulher não consegue controlar a garota, e a verdade é que a menina está realmente possuída pelo demônio.
Com uma reconstituição de época primorosa, desde o visual dos atores até a textura da imagem da TV analógica na transmissão do programa, é evidente que o filme se sustenta num balanço entre humor e terror, mas há uma nítida diferença de resultados. As situações cômicas, embora com alguma graça, às vezes são óbvias demais. Porém, quando entra no modo assustador, o filme realmente pode incomodar quem está assistindo. Longe da perfeição, “Entrevista com o Demônio” é uma enorme usina de ideias. Precisa ser assistido por qualquer um que goste de cinema. Veja aqui o trailer.
Fonte: Thales de Menezes
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