Filmes sobre esportes não formam um subgênero cinematográfico que tenha títulos muito notáveis. Focando apenas em futebol, a coisa fica ainda pior. “Jogo Bonito”, produção britânica da Netflix, surge como uma atraente exceção. É um filme divertido, emocionante e que fala muito mais do amor pelo futebol do que propriamente do esporte que os ingleses inventaram e que em um tempo muito distante chegou a ser dominado pelos brasileiros. Muito distante, mesmo. O filme mostra a preparação de uma equipe britânica para a disputa da Copa do Mundo dos Sem-Teto, que acontecerá em Roma. O treinador do time, Mal, interpretado por Bill Nighy, resolve convocar um jogador que tem, digamos, um comportamento problemático. Enquanto o enredo se desenrola com as tentativas do técnico para colocar nos trilhos o bad boy da pesada, o universo boleiro se espalha em cenas engraçadas e às vezes comoventes. O humor é devidamente inglês, com aquela dose enorme de sarcasmo e cinismo, mas há uma edição bem sacada que intercala risos a uma evidente crítica social. Um ótimo trabalho do diretor Thea Sharrock, que tem no currículo o sucesso romântico young adult “Como Eu Era Antes de Você” (2016) e no ano passado dirigiu a deliciosa comédia “Pequenas Cartas Obscenas”, com Olivia Colman. Mas o melhor de “Jogo Bonito” é mesmo Bill Nighy. Conhecido de bons filmes como “Simplesmente Amor”, “Anjos da Noite”, “Piratas do Rock” e “O Exótico Hotel Marigold”, constrói um personagem redondo, que tenta esconder seu lado humano e empático debaixo da fama de durão. É possível saber que um filme sobre esportes é bom quando o resultado final da disputa deixa de ser uma preocupação para quem assiste. O importante não é vencer, mas sim fazer um filme agradável e engajador, como é “Jogo Bonito”. Aqui está o trailer.

Fonte: Thales de Menezes

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