O que aconteceu com último argentino que treinou Corinthians
O Corinthians tem alinhada a chegada de Ramón Díaz, técnico argentino que trabalhou pela última vez no Vasco, para assumir o cargo vago desde a demissão de António Oliveira.
Assim que anunciada a contratação, Díaz se tornará o primeiro argentino a dirigir o Timão em um espaço de duas décadas. A curiosidade fica pela relação entre ele e o último que aceitou o desafio.
Em 2005, turbinado pelo dinheiro da polêmica parceria com a MSI, o Corinthians foi buscar um medalhão para treinar o elenco liderado por Carlos Tevez: o compatriota Daniel Passarella.
Campeão do mundo pela Argentina como zagueiro e capitão, em 1978, e técnico da seleção na Copa do Mundo 20 anos depois, Passarella teve uma passagem bastante curta pelo Parque São Jorge. Foram apenas 15 jogos, passagem encerrada com goleada por 5 a 1 para o São Paulo, no Pacaembu, pelo Campeonato Brasileiro.
Passarella deixou o Corinthians sem deixar saudades. Ramón Díaz mal chegou, então é impossível saber como será o trabalho. Mas já existe uma relação entre os dois, que atende pelo nome de ninguém menos que Diego Maradona.
O maior ídolo do país, ao menos até o surgimento de Lionel Messi, foi desafeto dos dois compatriotas, em rusgas que duraram décadas e mexeram com a carreira de ambos – nem tanto com a de Maradona.
A primeira briga foi com Ramón Díaz, que formou dupla infernal com Diego nas categorias de base da seleção, no fim dos anos 1970. Ambos atuaram juntos na Copa do Mundo de 1982, mas o futuro técnico do Corinthians foi “excluído” da equipe para os Mundiais de 1986 e 1990.
“Não foi às Copas porque Diego faz (Carlos) Bilardo escolher seus amigos”, esbravejou Díaz, culpando o maior craque argentino do momento. “O resto do país me quer, até o presidente”.
“Quem decide é o Bilardo”, rebateu Maradona, que mais tarde enfrentou Ramón Díaz, já com o desafeto como técnico do River Plate, e manteve o tom bélico nas palavras.
Com Passarella, a situação foi até parecida. Capitão da Argentina no título mundial de 1978, o ex-zagueiro era naturalmente candidato a manter a braçadeira oito anos depois, na Copa de 1986. Um ano antes, porém, o técnico Carlos Bilardo nomeou Maradona.
Passarella fez parte do elenco campeão no México, mas ficou renegado ao longo do torneio. Na concentração, por exemplo, nem trocava olhares com o camisa 10, que, com seu jeito peculiar, aproveitou para cutucar o ex-zagueiro após levantar a taça.
“De qual grande capitão que falam? Com a seleção, o grande capitão fui eu, que ganhei um Mundial fora de casa”, disparou El Pibe.
Os desafetos de Maradona estão do mesmo lado da briga. Agora, Díaz vai fazer o possível para se distanciar de Passarella, ao menos quando o assunto é Corinthians.
Ao contrário do compatriota, Ramón Díaz não terá um elenco estrelado nas mãos. E a missão não será brigar pelo título, mas sim escapar do rebaixamento.