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O filme mais polêmico da carreira de Al Pacino
“Parceiros da Noite”, no qual o astro faz um policial infiltrado no cenário gay violento de Nova York, é um filmaço que conseguiu desagradar quase todo mundo em 1980
Al Pacino fechou a década de 1970 como o grande ator do período, com os sucessos das duas primeiras partes de “O Poderoso Chefão”, “Serpico”, “Um Dia de Cão” e o aclamado pela crítica “O Espantalho”. Foi surpreendente quando o nome do ator apareceu na divulgação da produção de “Cruising”, que no Brasil ganhou o título “Parceiros da Noite”. Baseado no livro-reportagem homônimo de Gerald Walker, do “The New York Times”, publicado em 1970, fala de uma série de assassinatos de gays que frequentavam a chamada “cena do couro”, área de bares e clubes de sadomasoquismo em Nova York. Nem a fama de Pacino nem o prestígio do diretor William Friedkin, do blockbuster mundial “O Exorcista”, foram suficientes para garantir vida tranquila ao projeto.
Quem assistir a “Parceiros da Noite” agora, disponível na AppleTV, não pode imaginar como foram tumultuadas as filmagens e a estreia do filme, cercadas por manifestações de entidades de defesa dos direitos dos homossexuais. O filme foi atacado de dois lados. Enquanto essas entidades criticavam os produtores por exibir uma história focada apenas num recorte pequeno da comunidade gay, os chamados clubes da pesada, os conservadores atacavam como era comum diante de todos os filmes da época que exibissem personagens homossexuais. No meio da polêmica, “Parceiros da Noite” estava sendo construído como um filme policial tenso, com cenas violentas e angustiantes, e mais uma atuação de entrega total de Pacino.
Ele é o policial Steve Burns, que participa da investigação gerada por seguidos cadáveres que apresentam os mesmos sinais de mortes grotescas. Quando é determinado que o assassino frequenta os clubes, Burns é escolhido para se infiltrar porque tem o mesmo tipo físico das vítimas. Ele começa então um mergulho naquele submundo, com tremendos efeitos psicológicos que prejudicam a ele e também sua namorada, interpretada por Karen Allen, atriz do primeiro Indiana Jones, “Os Caçadores da Arca Perdida”. As cenas são realmente pesadas. Friedkin precisou cortar 40 minutos da primeira montagem do filme para conseguir um certificado de censura mais suave do que o reservado aos filmes pornô. Décadas depois, o diretor quis editar o filme com as partes cortadas, mas descobriu que o estúdio, United Artists, tinha destruído os originais. Mesmo nessa edição cortada, é um filme perturbador, com um dos finais mais ambíguos da história do cinema. Assistir “Parceiros da Noite” é um desafio para qualquer cinéfilo. Confira aqui o trailer.
Fonte: Thales de Menezes
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