Na noite mais saborosa de Vinicius, Brasil estreia, de fato, na Copa América
Foi aos 15 minutos do jogo em Las Vegas que a seleção brasileira notou que enfrentar o Paraguai seria uma experiência diferente da estreia. Até então, o time de camisa amarela e calções brancos teve controle quase absoluto das ações, triangulando com ritmo e precisão por dentro e levando perigo pelos lados, em especial o esquerdo, com Vinicius marcado sem ajuda. Altos índices de posse e passes, mantendo a sensação do gol que se aproxima e não sai desde segunda-feira. Quando Bobadilla tentou um chute de longe e a bola desviou em Militão, o risco de um gol contra avisou que o Paraguai causaria um pouco mais de preocupação.
Alisson foi muito bem no lance, esticando-se e desviando a bola para escanteio. Mais tarde, defendeu outro chute do jogador do São Paulo, dessa vez mais próximo. Em meia hora, os paraguaios igualaram o total de finalizações da Costa Rica, enquanto o Brasil desperdiçava as dele, até mesmo um pênalti cobrado para fora por Lucas Paquetá.
Outra diferença no comportamento do adversário foi o frontal da área desprotegido, espaço que os meias da seleção notaram e exploraram desde cedo. A jogada que começou com Vinicius terminaria em gol dele, após passes de Rodrygo, Bruno Guimarães e uma assistência formidável de Paquetá. Finalmente. Aos 34 minutos, o Brasil chegou.
Vinicius ainda faria outro gol no minuto final do primeiro tempo, aproveitando-se de uma falha embaraçosa de Alderete. Sete minutos antes, Savinho assinou pela primeira vez a ficha histórica de gols da seleção, no rebote de um chute de Rodrygo que Espinoza ajeitou.
Os 3 x 0 da primeira parte encerraram a seca, sem que ninguém se importasse com o fato de dois gols terem sido gentis oferecimentos da defesa paraguaia. Sobre quem venceria, já não havia dúvidas no intervalo, embora o lindo gol de Alderete – mais do que suficiente para que ele se redimisse do que fez diante de Vinicius – tenha injetado algo de divertido ao encontro. Haverá quem reclame de Alisson por causa da distância do chute, prova do elevado nível de exigência com o qual goleiros como ele precisam conviver.
Outro pênalti deu a Paquetá, que se envolveu nos três gols brasileiros, a chance de acertar sua conta particular com a súmula. Dessa vez, para dentro. O quarto gol foi a senha para Dorival dar início às substituições. Endrick entrou no minuto 79, para quem estiver anotando as aparições do novo jogador do Real Madrid com o mesmo rigor com que confere as ocasiões em que Vinicius vai descansar mais cedo, ou quando não bate pênaltis. Contra o Paraguai, ele ficou até o final de um jogo que ajudou a transformar com o primeiro gol brasileiro da Copa América. É bastante provável que tenha sido sua noite mais saborosa com a camisa da seleção.
A vitória serviu para apagar as sensações desagradáveis da estreia e mostrar que o time, que fez apenas o sexto jogo com a comissão técnica de Dorival, não é a tragédia que o pachequismo virtual alardeou no início da semana. Também não é uma reedição do Brasil de Pelé e Tostão. É uma equipe num estágio de formação anterior aos principais adversários do continente, Argentina e Uruguai, e também à adversária da próxima terça-feira, a Colômbia.