Ex-Palmeiras e Flamengo vira empresário e leva jogadores do Brasil a novo mercado
Nunca se sabe qual será o caminho de um jogador ao encerrar a carreira. Os desfechos mais comuns são os de virar técnico, preparador ou mesmo comentarista. No entanto, há vida fora do campo: o empresariado. Foi para onde seguiu Diogo, ex-atleta de Portuguesa, Flamengo, Santos e Palmeiras no Brasil, Olympiacos na Europa e ídolo do Buriram United na Tailândia, país aonde costuma levar atletas que agencia.
“Bom comunicador”, como ele mesmo se define, o antigo atacante revelou em entrevista à ESPN como ingressou em um mundo completamente diferente daquele dos gramados. Quando começou a pensar na aposentadoria, tinha a ideia de virar diretor de clube, mas a consideração de colegas de trabalho pelas suas indicações o colocaram no caminho de virar um intermediador em um mercado inusitado.
Diogo ganhou apreço na Tailândia quando se transferiu ao Buriram United, um dos principais times do país, em 2014, e se tornou ídolo, com 133 gols em 156 jogos. Por lá, não somente ele, como o futebol brasileiro em geral, é admirado. “Eles sempre perguntam de jogadores daqui”, contou. “Às vezes, (até) brincam com alguns que não tem o drible, como um defensor: ‘Isso daí não é brasileiro, não’. São brincalhões também”.
Com moral por lá, passou a ser consultado nas janelas de transferências, mas nem pensava em orientar de forma profissional. “Se eu disser que planejei, mentiria”, afirmou, sem negar que levava jeito para a coisa. “Tenho muita facilidade de comunicar. Sempre dava conselho a jogadores mais jovens, e até para os mais velhos também”.
“O pessoal perguntava, e eu falava assim: ‘Tem um amigo meu que acho que vai ajudar, acho que ele se enquadra no perfil do clube’. Me disseram que eu tinha facilidade. E aí, na pandemia, eu já comecei a planejar de abrir minha própria empresa a DJB2 Sports“, relembrou Diogo à ESPN.
Período de experiência
O conhecimento da área veio com troca de experiências. Na época, ele trabalhava com o empresário Claudio Guadagno, com quem aprendeu muito da profissão, mas a vivência no campo também ajudou. “Eu vi muitas coisas no futebol. A gente sabe o que é duro e o que não é o certo. E aí, vamos aprendendo e tentamos fazer algo diferente”, pontuou.
Com o caminho trilhado, Diogo passou a atuar como agente, não só na Tailândia como também na Malásia, país para qual indicou o ex-Fortaleza Bérgson, que fez história no Johor Darul Ta’zim. Hoje, a experiência no empresariado já dura quase dez anos.
Suas mais recentes negociações foram, justamente, com o Buriram United, que contratou três brasileiros em julho: o treinador Osmar Loss, ex-Corinthians, o meia Matheus Vargas, ex-Juventude, e o atacante Chrigor, ex-Red Bull Bragantino e que disputou o último Campeonato Paulista pela Portuguesa. E em janeiro, Bissoli, revelado pelo São Paulo, também acertou com o clube, por indicação de Diogo.
Agente e ‘aclimatador’
Apesar de ser um time de expressão no país, não é fácil se adaptar a uma cultura completamente diferente, e isso, para o ex-jogador, também deve ser gerenciado por um agente. Com Bissoli, Chrigor e Matheus Vargas, teve uma conversa franca e já os acostumou ao que viria.
“Eu falei assim: ‘Você vai passar por isso, enfrentar tal dificuldade, mas tem o lado de que vai ser bom pra vocês também’. (É) jogar o papo reto mesmo”, revelou Diogo à ESPN.
“Não é só querer ganhar dinheiro ali na comissão. Eu acho que isso faz toda a diferença. (Falando do) Buriram United, eu passei como clube é, como funciona e como o presidente é”, completou.
Retorno técnico e financeiro
Hoje, o foco de Diogo é nas categorias de base, setor em que o empresário deve, além de apresentar as qualidades de um jogador ao clube, projetar retorno econômico, já que o atleta pode chamar a atenção de grandes mercados. Isso, no entanto, não é uma regra, segundo o ex-atacante, e varia com a demanda da equipe.
“Os que eu levei para o Buriram já vão chegar para ser os cabeças do time. As promessas não trazem só o retorno do campo, mas no lado financeiro. Então, depende muito de cada clube”, explicou. O que pode atrapalhar mais, no final, nem depende do agente. Trocas de técnico, por exemplo, comuns no Brasil, costumam ser problemáticas.
“O que acontece muito é: de repente, você leva um jogador para tal clube, sem citar nomes, e lá acaba trocando de treinador. Então, o (novo) técnico já não conhece esse atleta que você levou”, pontuou Diogo. “O treinador tem os jogadores que ele conta. Então, isso acaba prejudicando um pouco. No entanto, vai do jogador mostrar no dia a dia que ele é capaz de ajudar”, ressaltou.
Se o futebol da Tailândia se tornará um novo polo para jogadores brasileiros, como é a Europa, o mundo árabe e outras nações asiáticas, como Coréia do Sul e Japão, só o tempo dirá. Caberá aos empresários, como Diogo, ‘venderem’ bem o país aos atletas, sem deixar de mandar o “papo reto”, como fez com seus agenciados mais recentes.